"Solidão não é estar sozinho. É estar vazio."
Por Everton Spolaor

Eis uma fascinante questão.
Certa vez um grande pensador disse que uma criatura de espírito elevado tem, em solidão completa, magnífico entretenimento em seus próprios pensamentos e fantasias, ao passo que a contínua mudança de companhias, de exibições, de passeios e divertimentos não tem força para impedir o torturante enfado de um indivíduo medíocre.

Uma pessoa de caráter bondoso, equilibrado e ameno pode sentir-se satisfeita mesmo em situação precária, enquanto outra, insaciável, invejosa e má, não será capaz de sê-lo, mesmo com todas as riquezas.

Outro dia alguém me convidou para algum evento em grupo.
"Legal", pensei eu em um primeiro momento. Mas eis então que o tal evento é um jogo de futebol, ou de cartas, de vôlei ou video-game. Que coisa nefasta é essa? Por que as pessoas se unem para jogar, ao invés de conversar? Que graça há em se reunir para ficar esmurrando um pedaço de couro, correndo para cá e para lá como galinhas espevitadas em irrefreável frenesi? Eis aqui uma ilusão. As pessoas buscam nos jogos uma forma de matar o tempo. Esquecem, porém, que quando matam o tempo, o tempo, em verdade, é o que os mata.

Seriam estes jogos uma espécie de fuga de si mesmo?

Porque a direção que cada um assume em relação à solidão é perfeitamente proporcional ao teor de sua personalidade. Se eu amo a mim mesmo, é justo que eu sinta atração pelo que penso. Daí aflora o sentimento de liberdade e de alegria simplesmente por ter a oportunidade de estar acompanhado de si mesmo. De uma forma tal que quem não ama a solidão não ama a liberdade.

Dizem que quem tem um amigo tem um tesouro.
Então seja amigo de si mesmo e adquira o maior de todos os tesouros, que a ferrugem não é capaz de consumir e nem a traça é capaz de devorar.

Você concorda?

Um abraço!
Everton Spolaor