Durante os intervalos das aulas ele conversava sobre os mesmos assuntos que todo mundo costuma conversar, mas não era raro ele começar a falar sobre o "mundo besta" em que vivemos. Ele afirmava que vivemos em um mundo besta, cheio de gente besta e de valores bestas. Um mundo de pessoas aprisionadas por diferenciações preconceituosas. Besta tal qual a idéia de que preto, branco, ling ou tcheca faz alguém menos ou mais que alguém. Um mundo de rapazes machistas e prepotentes que têm em sua estupidez seu maior culto, rapazes que querem ser fortões, ricos, bem vestidos, adaptados ao social. Garotos que concorrem por garotas e as enxergam como troféus e como coisas a que se possa possuir.Alguns anos depois desta época de faculdade eu estava caminhando pelo centro tumultuado de Porto Alegre quando subitamente alguém me puxou pelo braço. Era um sujeito que estava de camisa e gravata. Perguntei o que ele queria, e então ele perguntou:
- Ô, meu! Você não lembra de mim, pô?
Só aí então eu percebi que aquele sujeito ali, de cabelo curto, gravata e carregando uma pasta na mão, era exatamente aquele punk maluco que estudava comigo na faculdade.
Será que ele havia sucumbido ao sistema, ao capitalismo maldito que tanto depreciava em suas conversas? Fiz a ele esta pergunta, e sua resposta foi:
- Sou punk, mas não sou burro.
O que ele quis dizer com isso é que continuava acreditando nas mesmas coisas que acreditava antes, mas como está imerso em um mundo que funciona por aparências, teve que fazer algumas adaptações para poder extrair dele melhor proveito. Que vantagem ele teria se saísse por aí com o cabelo espetado e roupas esquisitas? Quem daria emprego a alguém assim? Se essas são as regras do jogo, porque não se adaptar a elas?
Acho que todos nós deveríamos ser um pouco punks. Mas para ser punk não é preciso espetar os cabelos ou usar uma jaqueta com uma caveira enorme. Ser punk quer dizer ter uma mente que questiona a sociedade, com seus sistemas, seus preconceitos e suas crenças. Ser punk quer dizer ter idéias próprias, não aceitando passivamente o que os outros querem que você acredite.
Seja punk, mas não seja burro!
Everton Spolaor
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